Camilo Cristófaro nasceu em São Paulo (SP) no dia 27 de abril de 1928 no Bairro do Canindé e foi lá que passou sua vida toda. Sua mãe, Dona. Esperança, era irmã de Chico Landi, mecânico e corredor de automóveis. Aos 12 anos Camillo esteve presente na inauguração de Interlagos (17/05/1940) e assistiu o tio chegar em 2º lugar na prova “III Grande Premio Cidade de São Paulo”. Seu outro tio, Quirino Landi, também participou. Foi estudar no SENAI no Bairro do Brás (torno, fresa e plaina), mas antes, já os 14 anos, começou a trabalhar, inicialmente de ajudante numa oficina mecânica na rua onde morava, Camillo e o motor Corvette aos 18 anos foi prestar serviço militar e ao dar baixa tirou carteira de habilitação, apesar de já guiar, esporadicamente. Com a carteira passou a trabalhar guiando caminhão, até 1951 com 23 anos. No tempo ocioso entre uma viagem e outra guiava táxi, e com essa renda economizou e comprou seu 1º carro, um Chevrolet 1937, que viria a se transformar na famosa carretera 18. Aos 24 anos, (1952), montou oficina própria e também se casou com Dna. Wilma. Pouco depois começou a construir o seu carro de corrida, um monoposto Mecânica Nacional usando a estrutura do chassi de um Alfa Romeo, com motor Ford e o resto montado a partir de peças de diversas origens, além de uma carroceria feita por ele mesmo. Levou quase 3 anos para construir o carro que recebeu o nº 18 em homenagem à data de aniversário da esposa, como seu filho gostava de ver gibis e adorava as histórias dos lobinhos, Camillo mandou pintar um lobinho no carro, que passou a ser de “Lobinho”. Com o tempo a figura foi sendo modificada e ganhou até mesmo um capacete e a equipe foi ficando conhecida como “Escuderia Lobo”, e ele mesmo com o tempo passou a ser chamado de o “Lobo do Canindé” Na primeira corrida em 1956 o carro quebrou, depois transformou o carro em biposto, rebaixou, trocou a grade e reestreou o carro no “Prêmio Benedicto Lopes”, fez mais2 corridas em 1956 e todas com bons resultados. Já na prova inicial de 1957 obtêm sua primeira vitória, em 57 tem também seu primeiro acidente sério, na “IV Prova do Cinqüentenário do ACB” vinha em segundo quando a manga de eixo se partiu e o carro sem a roda dianteira esquerda foi de encontro ao barranco, Camillo por sorte nada sofreu. Em seguida, Djalma o convida para correr a “Mil Milhas” em dupla na sua carretera, foi sua primeira corrida em carretera, e durante a corrida um cavalo atravessou a pista e Djalma numa manobra brusca para desviar acabou capotando e caiu do barranco entra as curvas 1 e 2, vindo a falecer. Camilo recuperou a carretera e participou com ela de uma prova em Petrópolis (RJ) com vitória e outra em Porto Alegre (RS) que não concluiu. Essa carretera foi vendida para os irmãos Romano que correram a “Mil Milhas” de 1959 e Lauro Romano capotou no mesmo lugar do acidente de Djalma, mas felizmente só com prejuízos materiais. Na Mil Milhas de 58 Camilo ia correr em dupla com Jair de Melo Vianna na carretera dele, mas a caminho de um treino (as carreteras tinham placa, iam andando até a pista), bateram e Jair morreu, três mecânicos e Camillo se feriram, Camillo não participou. Já na “Mil Milhas” de 1959 (31 anos) fez dupla na carretera nº 84 de José Gimenez Lopes. Em1960 fez dupla com o tio na prova “24 Horas de Interlagos” (só carros nacionais) ao volante de um FNM/JK, em setembro compra a carreteira de Gimenez Lopes e corre a “Mil Milhas” ao lado de Celso Lara Barberis, a poucas voltas do final (192 de 201) e na liderança, a carretera parou antes dos boxes, empurrada até o box não houve jeito de fazê-la funcionar novamente, então a equipe toda empurra a carretera para cruzar a linha de chegada e garantir o 4º lugar. No ano seguinte estréia seu novo Mecânica Nacional, uma Maserati/Corvette com vitória no “Circuito de Piracicaba” (SP), seu carro anterior, a Alfa Romeo/Corvette, vendeu para Justino de Maio. No ano de 1961 faz algumas modificações na carretera, a mais visível foi rebaixar o teto, e na “Mil Milhas” corre novamente em dupla com Celso Lara Barberis, depois em julho de 1962 vendeu a carretera para Catharino Andreatta do Rio Grande do Sul,Em 1963 venceu novamente a “12 Horas de Interlagos”, dessa vez ao lado de Antonio Carlos Aguiar e Décio D’Agostino, torna-se bi-campeão da prova, aí pegou seu Chevrolet 1937 e começou a construir a sua própria carretera, fez a estréia na prova “ 1600 Quilômetros de Interlagos” ao lado de Antonio Carlos Aguiar. Até então sua prioridade eram as corridas de Mecânica Nacional, mas com a diminuição das corridas passa a correr com mais freqüência com a carretera. Venceu a “250 Milhas de Interlagos” realizada no sentido inverso (horário) ao normalmente usado (anti-horário) em parceria com Antonio Carlos Aguiar, antes havia corrido, e vencido, a prova “IV Centenário do Rio de janeiro” pilotando uma Ferrari 250 GTO Drago, o que causou polemica, Chico Landi então chefe de equipe Simca, entrou com recurso alegando que a Ferrari originalmente era um GT, mas que havia sido enviada para a Itália e transformada, então seria agora um protótipo, após muita discussão o ACB acabou considerando o carro como GT e manteve o resultado. Em junho de 1966 participa das 2 provas do “GP IV Aniversário APVC”, TFL (carretera) e MN (Maserati/Corvette), prova que acabou sendo a última da categoria Mecânica Nacional, a partir de então passa a correr só com a carretera e a vai aperfeiçoando cada vez mais. Venceu, em dupla com Eduardo Celidônio, a “Mil Milhas” de 1966. Da glória da vitória à quase tragédia, um mês depois, no “GP Rodovia do Café” (PR) Camillo sofre um sério acidente, capotou numa depressão, acabou com o tornozelo esquerdo trincado, dois cortes no rosto e escoriações pelo corpo e a carretera destroçada. Em 1967 faz 5 provas, inclusive “Mil Milhas”, novamente em dupla com Eduardo Celidonio, em 1968 com Interlagos fechado para reformas, fez provas no Paraná, Rio de Janeiro e Brasília. 1969, com Interlagos ainda fechado participou de apenas 1 corrida, no Paraná. 1970, com Interlagos reaberto voltaram as corridas, mas Camillo também correu no Paraná e na inauguração do Autódromo de Tarumã (RS), onde, apesar de ter largado em ultimo pois não treinou, terminou em 3º lugar, atrás apenas do Fúria de Jayme Silva e do Bino Mark II de Luiz Pereira Bueno .Com esse mesmo carro ganhou a prova de velocidade da Av. Marginal, em São Paulo, quando atingiu 236.74 km/h no quilômetro lançado. A prova foi um festival de recordes, em linha reta, na Marginal do Rio Pinheiros em São Paulo. 13 anos depois, em 1989, já com 61 anos, Camilinho (36 anos) o convence a correr mais uma “Mil Milhas”, correram com um Chevrolet Opala equipado com cambio Corvette e um motor de aproximadamente 300 cavalos. Foram 197 voltas, pouco mais de 11h34min. e um 3º lugar na geral e 1º na categoria Força Livre Nacional. Foi esta sua última corrida e, coincidentemente, também a última “Mil Milhas” realizada no circuito antigo que ele tanto conhecia, no final daquele ano Interlagos foi fechado e a pista reformada, foi reduzida de seus quase 8 Km para 4.309 metros. *Por Paulo Roberto Peralta